A manutenção da escravatura negra no período colonial do Brasil foi, no século XVI, essencial para assegurar o poderio dos brancos; e ao mesmo tempo proporcionar aos colonizadores uma fonte de renda com muito lucro, através do mercado de compra e venda de escravos. Diante desse panorama de poder surgi o interesse de catequese dos negros, como forma de impor a religião dos brancos, ideia essa defendida pelos os senhores de fazenda, pois, até os padres mantinham, também, escravos a seus serviços. E, assim, os mercadores de escravos procuraram impor a religião católica aos negros através das imagens, fazendo da religião, em função da época e do restrito conceito humanista de realeza, a base da conquista desses elementos humanos, para trabalho escravo e para o louvor a Deus.
Tanto o índio, como o negro, nos engenhos, fazendas e minerações, não poderiam entender a religião católica; resultou disso, uma assimilação imperfeita ou parcial, aproveitando eles o que havia de semelhante às suas divindades tradicionais e milenares, fundindo-as, para poder praticar os seus ritos e cultuar os orixás que lhes eram próprios. Quando interpelado pelos brancos, os negros preferiam dizer que estavam homenageando os “santos”, daí resultar uma fusão de crenças e divindades. E de acordo com o fundamento de cada orixá, os negros foram assemelhando os orixás aos santos.
O sincretismo católico chegou a tal ponto, que se cultua uma mesma entidade, indiferentemente, com nome de santo católico ou de orixá africano, não se podendo diferençar em certas exteriorizações, onde um termina e outro começa, como são bem flagrantes: Sagrado Coração de Jesus e Senhor do Bonfim são Oxalás; São Jorge é Ogum, no Rio de Janeiro e na Bahia ele é Oxóssi; São Cosme e São Damião são Ibeji; Santa Bárbara, Santa Catarina, Santa Luzia, Santa Rita de Cássia, Santa Joana D´arc, Santa Helena, Santa Efigênia, são Iansãs; Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora Aparecida são Oxuns, Nossa Senhora dos Navegantes, é Iemanjá na Bahia, e Nossa Senhora da Glória é Iemanjá no Rio de Janeiro; São Jerônimo, São Pedro, São João, São Paulo, São José, São Judas Tadeu são Xangôs; Santo Antonio é Xangô-Abomi no Rio de Janeiro, e Ogum na Bahia; São Sebastião é Oxossi no Rio de Janeiro; São Bartolomeu é Oxumaré; São Francisco de Assis e São Benedito são Semirombas; Senhora Santana é Nanã Buruquê; São Lázaro é Omolu, o mais velho, e São Roque é Obaluaê, o mais moço.
Pacientemente a igreja católica conseguiu penetração maior nos cultos africanos, possibilitando a fusão dos santos com as divindades e de certos atos litúrgicos com os rituais, de modo que não só as imagens passaram a integrar os altares africanistas, como também os seus rituais se revestiram de atos solenes e pomposos assimilados da religião mais civilizada.
Mediante tal sincretismo surge a Umbanda no Rio de Janeiro completamente cristianizada e excluindo certos rituais africanos, sem qualquer influência do Candomblé. Tendo como seu fundador, Caboclo das Sete Encruzilhadas, em 1908, através do médium Zélio Fernandino de Moraes, na Tenda Nossa Senhora da Piedade, em Niterói.
Iniciando o culto por espiritismo de mesa, a Umbanda tornou-se uma religião juridicamente reconhecida a partir de 1908, pois, antes dessa data o culto que predominava no Rio de Janeiro era o Candomblé importado da Bahia.
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